quarta-feira, 20 de abril de 2011

Comentários sobre a "Trajedia de Realiengo"

Por: Paulo Matos 
Presidente Nacional do PHS


Um forte sentimento de dor tomou conta de nossos corações quando vimos a barbárie ocorrida no Realengo. Depois, durante o rescaldo da tragédia, pararemos para pensar e avaliar melhor a razão de tudo isso. Pensávamos que estávamos imunes a este tipo de ocorrência, que isso era coisa de norteamericanos, mais afeitos às armas e ao militarismo, e os Estados Unidos seriam o local em que esta bomba, rotineiramente, estouraria. Afinal, foi também num mês de abril (dia 20) de 1999 que aconteceu o massacre da escola de Columbine, no Estado do Colorado, com 13 mortos e 21 feridos, que se tornou um símbolo da luta contra a loucura das armas e de uma sociedade em que a vida se tornou banal e não tem sentido algum vivê-la. 
Entretanto, as semelhanças entre o Sul e o Norte da América param por aí. Se é verdade que os Estados Unidos têm uma legislação bastante permissiva para porte de armas de fogo, lá também eles têm um sistema legal e judiciário que funciona, e onde a sociedade tem uma "certeza razoável" (com o perdão da aparente contradição) de que existe prevenção, repressão, investigação e punição para o crime. O aparato legal e legislativo no Brasil é de dar dó, em que a ideologia dominante é a da impunidade. A imprensa por sua vez, está prestando um desserviço à sociedade ao dar tanto espaço ao ocorrido, com isso, estão permeando na mente de outros psicopatas a idéia de fazer o mesmo, vale lembrar que a ONU recomenda a não divulgação de suicídios, pois é notório que essa publicidade faz aumentar as ocorrências dessa natureza. No metrô de Viena ocorreram 22 casos de suicídio num período de 18 meses (o dobro do que fora registrado nos três anos anteriores)após uma cobertura sensacionalista de um incidente em 1986. Após a percepção de tal fato, a imprensa e a Associação Austríaca para a Prevenção do Suicídio iniciaram uma série de discussões sobre o assunto que culminaram com o desenvolvimento de um manual para os profssionais da mídia sobre como divulgar casos de suicídio. Nos cinco anos subseqüentes a esse manual, a taxa de suicídios no metrô austríaco caiu 75%. Não queremos com isso censurar a imprensa, mas apenas apelar para que divulguem de forma comedida para não alimentar outros psicopatas.
                Nossas escolas públicas são, então, verdadeiros depósitos de crianças e adolescentes provindos de famílias pobres, numa vã tentativa de tirá-los da rua e permitir que seus pais trabalhem para sustentá-los, mas sem garantir um nível aceitável de boa educação. Deveriam ter uma mínima infraestrutura de segurança, mas tudo é feito para maquiar a perversa realidade de uma situação caótica e paliativa. É lamentável ver alguns governantes dizerem que “foi um ato animalesco”, sabemos que um animal não mata por prazer, não mata por maldade....o que ocorreu deveria ser classificado como ato doentio, ou quem sabe, ato demoníaco !
                    Vale registrar a postura da Presidenta Dilma Rousseff, que decretou luto oficial de três dias pela morte das crianças da Escola Municipal Tasso da Silveira. As bandeiras em frente ao Palácio do Planalto foram imediatamente hasteadas a meio-mastro, minutos após o assassinato coletivo, a presidenta falou sobre o episódio e se emocionou. Ela que já passou por momentos tão difíceis e que teria elementos para ser “dura” e cética, foi rendida pela emoção e mais uma vez mostrou seu lado humano. Presidenta Dilma, não deixe nunca de se indignar, como foi neste momento, como foi no momento das tragédias ocorridas nos municípios da região serrana, também no Estado do Rio de Janeiro. O se indignar, faz com que continuemos nesta enorme luta de mudarmos este pais tão injusto. Este pais que tem uma das maiores desigualdades sociais. A senhora continuando a se indignar cotra estes absurdos e estas injustiças, será a certeza que teremos um governo fantástico, para aquela parte do povo que mais precisa de Governo.
              Acreditamos no Brasil e no humanismo, por isso, apesar da tristeza momentânea, trabalharemos cada vez mais por uma sociedade mais justa e solidarista.

Paulo Roberto Matos, Presidente Nacional do PHS
e;
Eduardo Machado, Secretário Geral Nacional do PHS

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